O mini-documentário “Anna de Doiá: A Sabedoria de uma Yalorixá na Cura dos Encantados” narra uma parte significativa da história de uma Yalorixá do candomblé nação Kêto, destacando a trajetória de Mãe Anna, uma figura de grande importância para a comunidade de Santarém, Pará.
Mãe Anna, nascida em 4 de dezembro de 1969, foi uma líder espiritual que, desde jovem, teve um forte contato com a magia da cura dos encantados. Ela dominava o uso de ervas, cascas e cipós, e ao se envolver com religiões de matrizes africanas, aprimorou seus conhecimentos e fortaleceu sua presença na casa de axé. Conhecida também como Anna de Doiá, ela se iniciou na Umbanda e posteriormente no Candomblé nação Kêto, onde permaneceu até seu falecimento em 2016.
O documentário visa preservar e divulgar a memória de Mãe Anna, combatendo o apagamento histórico ao qual muitas mulheres negras em cargos de liderança são submetidas. A produção deste documentário é uma forma de honrar sua contribuição para a comunidade e inspirar futuras gerações a reconhecer e valorizar a riqueza cultural e espiritual das religiões de matrizes africanas.
Entrevistados
Kathellem Suellem Sousa Mota
Leandra Maria Matos Sá
Maria Jocilene Pinto
Yasmin Pinto Huamanorco
Coordenação
Kathellem Suellem Sousa Mota
Direção:
Kathellem Suellem Sousa Mota
Produção e Pesquisa
Igor Oliveira da Silva
Kathellem Suellem Sousa Mota
Roteiro
Caê Sayuri
Kathellem Suellem Sousa Mota
Fotografia
Bárbara Pereira Vale
Kathellem Suellem Sousa Mota
Igor Oliveira da Silva
Concepção Artística e Gráfica
Debs Marcião
Montagem, Edição e Finalização:
Caê Sayuri
Assessoria de Acessibilidade
Keké Bandeira
Intérprete de Libras
Luciano Lobato
Trilha Sonora
Um canto para Oxum (oró mi mao) – Intérprete: Tamires Montes Carneiro
Iemanjá – Ilé Wòpò Olójúkàn (2019)
Agradecimentos especiais:
Anna Maria de Sousa (In Memoriam)
Anderson Bruno Cajazeira da Costa
Andressa Sousa
Bárbara Pereira Vale
Diana Keise Sousa Mota
Edivanei Edelmiro Nascimento da Silva
Eduardo Santos Mota
Gabriel Rego Licata
João Luiz Sousa Mota
José Joaquim Cruz Mota
José Rodrigo da Silva Rodrigues
Karlison Rodrigo Sousa Mota
Leandra Maria Matos Sá
Maria Jocilene Pinto
Rosa Trovão
Tamires Montes Carneiro
Yasmin Pinto Huamanorco
Projeto: Memórias de Yalorixá: Anna de Yemanjá
Projeto selecionado no Edital de Chamamento Público nº 09/2023 – Cultura Digital – Lei Paulo Gustavo – Santarém (PA)
Todos os entrevistados foram consultados e permitiram via Termo de Autorização de Uso de Imagem e Voz para compor a narrativa deste documentário.
A Sabedoria de uma Yalorixá na Cura dos Encantados
Anna Maria de Sousa nasceu em 4 de dezembro de 1969, em Santarém-Pará. Filha de Maria Minervina de Sousa e pai desconhecido, foi criada por sua avó, Dona Morena (Maria Mônica de Sousa), que sustentava a família lavando roupas nas margens do Tapajós. Mãe Anna teve uma infância muito dura, tendo que trabalhar desde cedo ajudando sua “mãe” (como chamava sua avó), passando as roupas que ela lavava, abrindo palha ou ajudando na limpeza da casa onde sua mãe trabalhava. Ainda adolescente, teve Ricardo e Michele, que faleceram ainda crianças. Posteriormente, teve João (criado por sua bisavó Morena), Kathellem, Diana e Rodrigo, que cresceram e construíram suas próprias famílias.
Em 1988, Mãe Anna teve seu primeiro contato com as religiões de matriz africana, através do batismo de sua segunda filha, Kathellem. Um tempo depois, por volta de 1995, conheceu sua mãe de santo enquanto pescava com os três filhos no antigo cais da Avenida Tapajós, em Santarém. Em novembro do mesmo ano, fez seu rito inicial e recolhimento para a sua feitura no orixá no Candomblé, sendo filha de Iemanjá e Oxalá, a quem Mãe Anna cultivava com amor e carinho, embora tivesse contato e carinho por todos os orixás do panteão africano. Mãe Anna manteve sua linha na Umbanda, assim como seus trabalhos com os encantados.
Em 1996, ficou responsável por sua primeira casa de Candomblé, localizada no Caranazal, após comprar a casa e o terreiro de sua mãe de santo, que se mudaria para outro bairro da cidade. Após 10 anos, Mãe Anna mudou-se para o bairro Alvorada, ainda em seu início de ocupação. A princípio, Mãe Anna atendia no fundo do quintal de sua casa, onde realizava atendimentos e, ocasionalmente, giras. Aos poucos, Mãe Anna foi construindo seu novo terreiro com muita dedicação, finalizando a construção no início de 2016.
Em fevereiro de 2003, Mãe Anna fez sua obrigação de 7 anos de orixá, passando por outro período de recolhimento, onde ao sair recebeu o seu Deka. A yalorixá não teve filhos feitos no santo, mas cuidou de muitos e desenvolveu outros tantos na Umbanda. No entanto, em 16 de novembro de 2016, Mãe Anna passou para o Orún. Sua casa, por ter fundamentos de Candomblé, precisou ser fechada, e o que precisava passar pelo ritual foi passado. O que poderia ser doado foi pedido pela mãe de santo da yalorixá e repassado a ela.
Mãe Anna deixou sua marca na história como uma mãe que acolhia aqueles que eram rejeitados por não se enquadrarem na performance social exigida, acolhendo, aconselhando e indicando o melhor caminho a ser seguido.
O presente projeto, pretende promover a documentação e criação de acervo on-line da de parte da história da yalorixá Anna de Iemanjá, in memoriam, na cidade de Santarém – Pará. A Yalorixá Anna de Iemanjá, nasceu em 04 de dezembro de 1969, minha mãe de 4 filhos/as biológicos e um número indeterminado de filho de “santo”, desde seus doze anos teve forte contato com a magia de cura dos encantados, sabendo desde cedo as funções de uso das ervas, cascas, cipós, entre outros. Ao ter contato com religiões de matrizes africanas pode aprimorar e fortalecer seus conhecimentos e sua força dentro da casa de axé, assim podendo ajudar na cura de diversas enfermidades físicas e espirituais de quem a procurava. Anna de doiá, como também foi conhecida, se iniciou na umbanda passando posteriormente para o candomblé nação ketu, onde a mesma se manteve até seu falecimento em 2016. Ao pensar na manutenção e conservação da memória social da comunidade negra em diáspora em santarém percebi que pouco ou nada se tem de acervos histórico registado, organizados e salvaguardado sobre essas pessoas, isso diminui ainda mais quando falamos de mulheres em cargos de lideranças e neste sentido para contribuir na luta contra esse apagamento histórico proponho a documentação e criação de acervo on-line desta Yalorixá que para sua comunidade foi e é um personagem de grande poder e relevância. Essa ideia nasce, a partir do momento em que tive acesso a leituras no curso de antropologia em que fui posta de frente com o racismo estrutural e apagamento sistematico ao qual minha mãe foi submetida durante e após sua morte.
Coordenadora
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